Audiência discute Ferroeste em Cascavel 27/06/2012 - 13:38

Conhecer com profundidade um tema é o primeiro passo para avaliá-lo e poder sugerir melhorias. Essa é a síntese de audiência pública promovida na noite de quinta-feira, na Acic, pela Comissão de Indústria e Comércio da Assembleia Legislativa do Estado. Além de comemorar o anúncio de autorização do projeto de uma extensão de Cascavel a Maracaju dos Gaúchos, no interior do Mato Grosso do Sul, o consenso é de que há muito por fazer para melhorar a estrutura e os indicadores da Ferroeste.
O secretário de Estado de Assuntos Estratégicos, Édson Casagrande, reforçou a urgência de avanços em razão da decisiva importância que o agronegócio assumirá em todo o Paraná. O sistema cooperativo, ressaltou, movimentou R$ 31 bilhões no ano passado e congrega cerca de 2,5 milhões de pessoas, um quarto da população do Estado. Entre os desafios da pasta, Casagrande informou que está a integração da cadeia produtiva para a atração de empresas e beneficiamento de matérias-primas. "E contar com boa logística de transportes é imprescindível", reconheceu.
Dificuldades e sugestões de avanços à Ferroeste foram apresentadas pelo diretor de produção, Mauro Fortes. O maior gargalo da ferrovia está na estrutura antiga e sinuosa do trecho a partir de Guarapuava em direção ao litoral. Apenas no percurso de Guarapuava a Ponta Grossa, o tempo de viagem fica entre 15h e 20h, contra 9h de Cascavel a Guarapuava. A região de Desvio Ribas tem capacidade de transporte de apenas 2,5 milhões de toneladas por ano e na região da serra, então com recepção de trajetos ferroviários de todo o Estado, a possibilidade máxima é de locomover 12,5 milhões de toneladas por ano.
Fortes informou que o Paraná está pelo menos dez anos atrasado em investimentos em infraestrutura. Há necessidade também de ampliação do Porto de Paranaguá. Ele movimentou 48 milhões de toneladas em 2011 e tem previsão de chegar a 80 milhões de toneladas em 2030. "Mas como alcançar esse número se a estrada de ferro leva apenas 12,5 milhões por ano", questionou o diretor de produção da Ferroeste. "Por isso, resolver o gargalo da ferrovia, com a construção de um novo traçado em direção ao litoral, é tão urgente".
A proposta, a partir de uma estrada moderna, elevaria a velocidade média, que em alguns trechos é de apenas 13 km/h para cerca de 140 km/h, reduzindo de dez para um único dia o percurso completo entre Cascavel e o litoral. E o melhor, segundo Fortes, com impacto na redução do frete. A audiência, sob o comando do presidente da Comissão de Indústria e Comércio da Alep, André Bueno, contou com a participação também do diretor da Brado (resultado da fusão de empresas, entre elas a ALL), José Luiz Demeterco Neto, que informou sobre estrutura e projetos de expansão da empresa nos corredores ferroviários do Paraná.
R$ 100 milhões
O diretor-presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, lembrou que a região Oeste do Paraná, em razão de deficiências em logística de transportes, joga do lixo R$ 100 milhões por ano, o que reduz a competitividade de suas principais commodities. "Para transportar nossa produção de trem, precisaríamos de 166 vagões por dia, ou cinco mil por mês. No entanto, disponibilizam em média somente 20 por dia". O uso da ferrovia, a partir de uma estrutura moderna, eficiente e com preço de frete compatível, faria muito bem à economia do Oeste, do Paraná e do Brasil, conforme Dilvo.
Uma parceria público-privada procura criar condições para avanços na estrutura. A Cotriguaçu, que reúne as cooperativas do Oeste, já começa a investir R$ 200 milhões em um complexo logístico em área cedida pelo Estado junto à Ferroeste. Entre outros, ele terá duas câmeras frigoríficas cada uma com capacidade para dez mil toneladas e seis graneleiros, cada um com condições de recepcionar 60 mil toneladas de grãos. Somente com eficiência e competitividade, observa o presidente da Coopavel, todo o potencial de produção e trabalho de regiões como a Oeste serão verdadeiramente revelados.
Problemas
A audiência pública contou com a presença também do diretor da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Marcos Almeida. Ele apresentou um quadro preocupante sobre a Ferroeste que, segundo ele, precisa da composição de forças para ser revertido. Os problemas são antigos, reconheceu, desde a época da subconcessão à Ferropar. No entanto, os indicadores dos últimos seis anos não são bons, com queda na produção.
O trecho de Cascavel a Guarapuava é moderno, o terminal daqui é bem estruturado e, mesmo assim, conforme Almeida, a empresa não atinge suas metas, tem deficiência em equipamentos, baixa receita e está sujeita a penalidades contratuais. O diretor da ANTT percebe um grande potencial na estrutura e entende a ferrovia indispensável para o processo de expansão dos indicadores econômicos do Oeste. O evento contou com as presenças ainda dos deputados Nelson Padovani, José Lemos, Ademir Bier e Adelino Ribeiro.

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