Paraná e Mato Grosso do Sul querem pôr os grãos nos trilhos 23/11/2017 - 17:28
"Cansados de ficar à mercê da Rumo, concessionária que opera cerca de 13 mil quilômetros de malha ferroviária no país, os governos do Paraná e de Mato Grosso do Sul apresentarão oficialmente, na semana que vem, uma proposta para a construção de um novo ramal para ligar grandes polos de grãos desses Estados ao porto de Paranaguá, o segundo maior em movimentação de cargas agrícolas no país.
Detalhamento - Com os processos burocráticos de concessão já adiantados, autoridades locais e portuárias chegarão a São Paulo na terça-feira (28/11) para detalhar o projeto a interessados em ativos de infraestrutura no Brasil, notadamente fundos de investidores nacionais e estrangeiros. A ideia é atraí-los para duas concessões: o trecho entre Dourados e Guarapuava e o de Guarapuava a Paranaguá.
Total - No total serão mil quilômetros de trilhos sob nova concessão, a maior parte dentro do Paraná, a um custo inicial estimado em R$ 10 bilhões. A ferrovia atenderia integralmente o agronegócio. Potencialmente, transportaria não apenas a carga de parte do Paraná e do Mato Grosso do Sul, mas também de produtores paraguaios. Dessa forma, o investimento elevaria o transporte ferroviário de grãos da região das atuais 400 mil toneladas ao ano para mais de 14 milhões de toneladas, transportadas hoje por rodovia. A economia de frete seria da ordem de 30%.
Falta de manutenção - "É uma ferrovia importante, tendo em vista que o volume de grãos movimentado pela Rumo vem caindo por falta de manutenção", disse ao Valor o presidente da Ferroeste, João Araújo.
Trecho - Concedida pelo governo federal em 1989, por 90 anos, a Ferroeste, que tem o governo do Paraná como maior acionista, hoje opera apenas o trecho de Cascavel a Guarapuava. De lá até o porto de Paranaguá, seus vagões seguem pelos trilhos da Rumo, através do chamado direito de passagem - pelo qual a Rumo permite, conforme a grade de movimentação de sua carga, que a concorrência usufrua da infraestrutura.
Velocidade média - Mas condições operacionais ruins e uma geografia difícil, permeada de montanhas e penhascos, faz a velocidade média dos trens despencar no trecho final para o porto de 27 km/h para 11 km/h a partir de Guarapuava", diz Araújo. A falta de ferrovias alternativas até o porto também arranca críticas de tradings.
Potencialização - Segundo Luiz Henrique Dividino, presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), a nova extensão férrea pretendida é crucial para potencializar os investimentos realizados no porto nos últimos anos e elevar a competitividade do agronegócio no Sul.
Caminhão - "Estamos com o gigante verde e amarelo algemado no caminhão", diz Dividino. "Nos esforçamos para acabar com fila de caminhão, para reduzir a espera de navio e em infraestrutura portuária para, no final, conseguirmos uma redução de custo de US$ 2 por tonelada. Só que, se falta um caminhão no interior, o custo de transporte da tonelada [de grãos] sobe US$ 10 num único dia. Não tem sentido".
Descompasso - Dividino, que estará em São Paulo na semana que vem, cita o descompasso entre os modais nos portos do Sudeste: "Em Santos, 40% da carga [agrícola] chega por trem. Em São Francisco do Sul [SC] são 50%. Em Paranaguá, somente 17%", afirma.
Absorção da oferta - As concessões são vistas como importantes também para absorver a oferta do oeste do Paraná, uma região ainda desatendida pelos trilhos e onde estão as taxas mais altas de produtividade no campo. "A Coamo, maior cooperativa do país [sediada em Campo Mourão], ainda manda 100% da produção ao porto de caminhão", afirma Araújo, da Ferroeste.
Benefícios - Aos investidores, as autoridades vão explicar os benefícios do negócio. Idealmente, um único investidor assumiria os dois trechos. Por razões práticas, os lotes serão licitados separadamente. O trecho operado pela Ferroeste seria repassado ao novo operador, que assumiria de Dourados a Guarapuava.
Primeiro passo - O primeiro passo é o lançamento de um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) - edital público de chamamento destinado a empresas interessadas no Evetea, o estudo técnico, econômico e ambiental para a construção e exploração de serviços ferroviários. A expectativa é que o edital saia só em 2019.
Substituição - A concessão ferroviária até Paranaguá chegou a constar dos dois primeiros programas de investimentos em logística do governo federal. No terceiro, foi substituído pela Ferrogrão, projeto capitaneado pelas tradings para escoar a safra do Centro-Oeste pelo Norte." (Valor Econômico, através do Informe Paraná Cooperativo)
Detalhamento - Com os processos burocráticos de concessão já adiantados, autoridades locais e portuárias chegarão a São Paulo na terça-feira (28/11) para detalhar o projeto a interessados em ativos de infraestrutura no Brasil, notadamente fundos de investidores nacionais e estrangeiros. A ideia é atraí-los para duas concessões: o trecho entre Dourados e Guarapuava e o de Guarapuava a Paranaguá.
Total - No total serão mil quilômetros de trilhos sob nova concessão, a maior parte dentro do Paraná, a um custo inicial estimado em R$ 10 bilhões. A ferrovia atenderia integralmente o agronegócio. Potencialmente, transportaria não apenas a carga de parte do Paraná e do Mato Grosso do Sul, mas também de produtores paraguaios. Dessa forma, o investimento elevaria o transporte ferroviário de grãos da região das atuais 400 mil toneladas ao ano para mais de 14 milhões de toneladas, transportadas hoje por rodovia. A economia de frete seria da ordem de 30%.
Falta de manutenção - "É uma ferrovia importante, tendo em vista que o volume de grãos movimentado pela Rumo vem caindo por falta de manutenção", disse ao Valor o presidente da Ferroeste, João Araújo.
Trecho - Concedida pelo governo federal em 1989, por 90 anos, a Ferroeste, que tem o governo do Paraná como maior acionista, hoje opera apenas o trecho de Cascavel a Guarapuava. De lá até o porto de Paranaguá, seus vagões seguem pelos trilhos da Rumo, através do chamado direito de passagem - pelo qual a Rumo permite, conforme a grade de movimentação de sua carga, que a concorrência usufrua da infraestrutura.
Velocidade média - Mas condições operacionais ruins e uma geografia difícil, permeada de montanhas e penhascos, faz a velocidade média dos trens despencar no trecho final para o porto de 27 km/h para 11 km/h a partir de Guarapuava", diz Araújo. A falta de ferrovias alternativas até o porto também arranca críticas de tradings.
Potencialização - Segundo Luiz Henrique Dividino, presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), a nova extensão férrea pretendida é crucial para potencializar os investimentos realizados no porto nos últimos anos e elevar a competitividade do agronegócio no Sul.
Caminhão - "Estamos com o gigante verde e amarelo algemado no caminhão", diz Dividino. "Nos esforçamos para acabar com fila de caminhão, para reduzir a espera de navio e em infraestrutura portuária para, no final, conseguirmos uma redução de custo de US$ 2 por tonelada. Só que, se falta um caminhão no interior, o custo de transporte da tonelada [de grãos] sobe US$ 10 num único dia. Não tem sentido".
Descompasso - Dividino, que estará em São Paulo na semana que vem, cita o descompasso entre os modais nos portos do Sudeste: "Em Santos, 40% da carga [agrícola] chega por trem. Em São Francisco do Sul [SC] são 50%. Em Paranaguá, somente 17%", afirma.
Absorção da oferta - As concessões são vistas como importantes também para absorver a oferta do oeste do Paraná, uma região ainda desatendida pelos trilhos e onde estão as taxas mais altas de produtividade no campo. "A Coamo, maior cooperativa do país [sediada em Campo Mourão], ainda manda 100% da produção ao porto de caminhão", afirma Araújo, da Ferroeste.
Benefícios - Aos investidores, as autoridades vão explicar os benefícios do negócio. Idealmente, um único investidor assumiria os dois trechos. Por razões práticas, os lotes serão licitados separadamente. O trecho operado pela Ferroeste seria repassado ao novo operador, que assumiria de Dourados a Guarapuava.
Primeiro passo - O primeiro passo é o lançamento de um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) - edital público de chamamento destinado a empresas interessadas no Evetea, o estudo técnico, econômico e ambiental para a construção e exploração de serviços ferroviários. A expectativa é que o edital saia só em 2019.
Substituição - A concessão ferroviária até Paranaguá chegou a constar dos dois primeiros programas de investimentos em logística do governo federal. No terceiro, foi substituído pela Ferrogrão, projeto capitaneado pelas tradings para escoar a safra do Centro-Oeste pelo Norte." (Valor Econômico, através do Informe Paraná Cooperativo)