Presidente da Ferroeste fala sobre transporte de soja paraguaia 23/11/2011 - 14:10

Santa Helena - Além das rodovias da região, o Porto de Santa Helena anda abarrotado de caminhões paraguaios. Desde que o Governo do Paraná liberou o transporte dos grãos transgênicos produzidos do outro lado da fronteira tem sido assim. Veículos pesados que antes seguiam pelo Uruguai agora utilizam o percurso brasileiro e isso deve se intensificar nos próximos meses, já que a safra no país vizinho começa a ser colhida a partir de 15 de janeiro.
Economicamente, os resultados são bons e foi por esse motivo que a Prefeitura de Santa Helena entregou ao Estado um requerimento solicitando um ramal de extensão da Ferroeste até o município.
Por se tratar da única aduana mista da América Latina, já que ambas - a brasileira e a paraguaia estão em território brasileiro - o processo para liberação de cargas tem sido rápido e isso tem contribuído para a lotação constante no porto. "Temos a chamada zona neutra onde ficam as aduanas em território brasileiro por onde passam os caminhões e eles estão sempre chegando. O porto está sempre lotado e um ramal da Ferroeste em Santa Helena tiraria esses veículos da rodovia", alerta o vice-prefeito e secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Edimar Santin.
Santin afirma que para o município tem sido muito bom esse movimento. "Isso faz a nossa economia girar", conta. Mas enquanto não há indícios para o ramal da Ferroeste, outro documento entregue nas mãos do governador Beto Richa pede o recapeamento das estradas daquela região. "As rodovias já estão bastante castigadas pelo excesso de peso das cargas", explica.
Para o presidente da Ferroeste, Maurício Querino Theodoro, esse vai ser o preço que se terá de pagar por essa passagem. "Mas o Estado está atento à situação e vem monitorando", conta. Maurício reconhece que o excesso de veículos paraguaios nas rodovias da região preocupa, principalmente quando o assunto é mais segurança nas estradas. Agregado aos caminhões, existem os contêineres que também passaram a trafegar pelas rodovias paranaenses. "E é por esse motivo que o Estado determinou que a duplicação da 277 iniciasse por Matelândia, sentido Cascavel", salienta.
O PORTO EM NÚMEROS
De janeiro até agora já passaram pelo Porto em Santa Helena 9,7 mil caminhões, boa parte deles de origem paraguaia. Segundo dados da Prefeitura de Santa Helena e da administração do porto, isso representou uma movimentação econômica em exportações de US$ 23.743.731,17 e US$ 14.638.972,59 às importações. O porto foi construído com recursos exclusivos da municipalidade, na gestão 2001/2004 (prefeito era Silom Schimitd). "O único entrave é a rodovia de terra do lado paraguaio com 58 quilômetros. O Congresso do Paraguai aprovou lei que possibilita parceria público/privada para o asfaltamento da rodovia e está em busca de interessados", afirmou o vice-prefeito e secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Edimar Santin.
CONTRATOS ENTRE OS PAÍSES
Até o momento não existe nenhum contrato firmado entre Paraguai, Porto Seco, Ferroeste ou Porto de Paranaguá para escoamento desses grãos. Na recente entrega de benfeitorias ao Porto Seco em Cascavel ficou estipulado que o país vizinho teria um limite de 100 mil toneladas de grãos para serem transportadas e o restante, em torno de outras 100 mil, ainda aguardam por definição.
"Mesmo assim se teria um ônus entre Foz do Iguaçu e Cascavel, pois esse trecho teria de ser trafegado por caminhões. Nesse caso, passando pela 277 ou desviando, como no caso do Porto de Santa Helena, mas se analisarmos economicamente toda a cadeia ganha no Paraná", reforça o presidente da Ferroeste, Maurício Querino Theodoro. Calcula-se que no ano aproximadamente 5,5 mil caminhões paraguaios passem pela região trazendo 200 mil toneladas de grãos. "O Paraguai reafirma que pretende mandar pelo Paraná cerca de 2% do total de oito milhões de toneladas, mas queremos chegar em 2013 a 20% do que produzem", destacou o presidente da Ferroeste.
"O Paraná vai precisar dessa safra porque estamos exportando muitos produtos transformados e nos faltam grãos in natura. Milho, por exemplo, já há carência na região e no Estado, mas para exportar frango é preciso alimentá-lo. Sabemos extraoficialmente de uma indústria no Oeste que já teria comprado em 2011 aproximadamente 100 mil toneladas de milho paraguaio", comentou o presidente da Ferroeste. (Juliet Manfrin)

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