Todo apoio à Ferroeste - Editorial de Marcos Formighieri 23/09/2011 - 15:50
Quando o governador Alvaro Dias decidiu construir a Ferroeste a fez com a intenção de dar solução aos graves problemas de escoamento das safras que àquela época já despontavam como promissoras. Até então, o Estado contava apenas com a opção rodoviária para o transporte a partir do Oeste, a região de maior produção. Alvaro Dias e sua equipe de governo tinham como uma das suas principais preocupações o futuro do Estado, a consolidação de sua economia e a construção de uma ferrovia era a decisão mais acertada para atender as necessidades já então presentes e futuras, por dotar a região de um meio de transporte eficiente, econômico, com grande capacidade de carga e barato. Cascavel, escolhida para ser a sede da Ferroeste e ponto inicial da estrada — distante cerca de 600 km de Paranaguá, local de destino da produção do Estado que é exportada — precisava ser ligada por trilhos a Guarapuava — distante 245 km– pois a partir daí até Paranaguá já existia em funcionamento a Rede Ferroviária Federal. E assim nasceu a Ferroeste, que custou aos cofres públicos estaduais cerca de US$ 300 milhões e foi inaugurada no governo Mário Pereira, outro grande incentivador e principal operador na construção da ferrovia, tendo sido inclusive seu presidente. Quero aqui abrir um parênteses, para mais uma vez cobrar do Oeste e principalmente de Cascavel o reconhecimento as grandes obras realizadas pelo Estado na região e que tiveram como autor e executor o ex-governador Mário Pereira. Voltando a questão da Ferroeste, ocorre que no final da década de 90, tendo o Brasil, no governo FHC, feito uma série de privatizações, com venda a qualquer preço e a qualquer custo do patrimônio público, a Rede Ferroviaria Federal foi vendida a uma empresa denominada ALL (América Latina Logística), tendo esta assumido inclusive o tramo ferroviário que liga Guarapuava a Paranaguá. Neste trecho, um pedaço dele, conhecido como Desvio Ribas, por ter sido construído a quase um século, ao tempo das “Marias Fumaça”, ou seja locomotivas pequenas e movidas a lenha, as características do mesmo são tecnicamente inapropriadas para o trânsito dos comboios ferroviários atuais, devido a curvas ali existentes, que limitam entre outras coisas o numero de vagões, obrigando a diminuição do comboio, o que naturalmente causa atrasos, atrapalhos e prejuízos. Cabe a ALL a retificação deste trecho, assim como uma reforma geral na ferrovia, que não é feita, porque a empresa alega que não utiliza a mesma e consequentemente só tem prejuízos com ela. Entretanto, este fato por si só, é o grande causador dos problemas vividos pela Ferroeste, que utiliza do trecho para chegar a Paranaguá com os produtos que transporta, que são nada menos e nada mais que grande parte da safra produzida em nosso Estado, no Paraguai e no Mato Grosso do Sul. Só no próximo ano, a produção paraguaia destinada ao mercado externo, atingirá cerca de 10 milhões de toneladas de soja o que representará um aumento no fluxo de caminhões bi-trens na rodovia BR 277 de 172 veículos dia, devido a falta de condições para a Ferroeste transportar toda a safra paraguaia. Isto chega a ser um desrespeito aos tratados do Brasil com o Paraguai e também um risco de perdermos o grande incremento econômico que o transporte desta safra nos trás, para a Argentina, que está se preparando para desviar o destino da soja guarani para seus portos, transportada em ferrovia moderna. Mas, o que realmente está por trás da atitude da ALL é sua intenção de se adonar da Ferroeste, a um preço vil, a partir do estrangulamento do transporte das cargas decorrente do antiquado trajeto e das péssimas condições da ferrovia a partir de Guarapuava. Se ainda existem condições de trânsito no trecho, isto deve-se a visão empreendedora do atual presidente da Ferroeste, Mauricio Querino, que pode-se dizer, assumiu como objetivo de vida, viabilizar plenamente a Ferroeste e fazer com que ela contribua de forma definitiva e eficiente para a economia do Estado. Querino determinou inclusive a reforma de trechos da estrada que pertencem a ALL e prepara para tornar público um moderno projeto que visa atualizar o sistema de transporte com a implantação de um novo modal. Este trabalho tem como objetivo neutralizar a ação da ALL sobre as cooperativas, pois aquela empresa, ao criar dificuldades de toda a ordem, causando inclusive prejuízos a economia do Estado, acena com facilidades a partir do momento que as cooperativas venham a aderir a ela. Hoje, sequer vagões graneleiros para transporte de grãos a ALL fornece, embora esteja obrigada por contrato a Ferroeste para atender as necessidades das cooperativas. A disposição do presidente da Ferroeste de lutar pela consolidação da ferrovia e solucionar os graves problemas que existem, precisa ser apoiada por todos os paranaenses, afinal, trata-se de um enorme patrimônio público que dá solução a um dos graves problemas que o Estado tem no setor de transporte.